Dicas de acabamentos de costura

Acabamento é a finalização de uma peça e pode ser bom ou ruim. Um acabamento ruim pode estragar o resultado, deixando a peça com aparência desleixada e mal feita. Já uma boa finalização confere elegância, limpeza e beleza à peça.

A beleza de uma peça está relacionada a qualidade do tecido, a precisão da modelagem, os detalhes dos acabamentos e a delicadeza de como foi finalizado os arremates. A costura não é um processo rápido, pois passa por várias etapas como a escolha do modelo e tecido, a modelagem, o corte, a costura e a finalização. Exige paciência e capricho. Todas as pessoas podem aprender a modelar e costurar, mas finalizar uma peça com um bom acabamento dependerá da sensibilidade e capricho nos arremates. É algo que se consegue com paciência e dedicação.

O tempo investido na finalização da peça é indispensável para quem deseja alcançar um bom resultado.

Para fazer um acabamento impecável sem maiores complicações você precisa seguir as dicas abaixo:

1 – A ESCOLHA DAS LINHAS E AGULHAS CONTAM MUITO PARA O ACABAMENTO

Uma peça bem feita não tem linhas aparentes na frente ou no avesso. Tudo deve ser escondido, bem arrematado e assentado. Um bom acabamento já começa com a costura que deve ser perfeita. Uma costura não pode danificar, enrugar, franzir, repuxar ou furar o tecido. Por isso a escolha da linha e agulha contam muito. Nada de cor de linha “parecida” para costurar. A linha precisa ser da cor exata da peça e 100% poliéster. A agulha também precisa ser de acordo. Escolha agulha número 9 para tecidos fluidos como seda, chiffon, georgete, voal e musseline. Já uma agulha 11 costura perfeitamente crepes, tricoline, viscose, linho e tecidos de alfaiataria. A agulha 14 é para tecidos mais encorpados e rústicos como brim, denin e sarja. Atenção! Nada de agulha 16 para costurar roupa, ela é para cortinas e estofados.

2 – TECIDO CARO NEM SEMPRE É SINÔNIMO DE QUALIDADE

A qualidade do tecido é crucial! Um tecido não precisa ser exageradamente caro, mas precisa ter qualidade. Quando for comprar, certifique-se que não está levando “gato por lebre”. Há muitas misturas duvidosas de fios em tecidos. Uma boa viscose, por exemplo, não amassa com facilidade, não desmancha ao puxar as costuras e não entorta ou torce ao vestir. Mas uma viscose de qualidade não é “baratinha”. O mesmo acontece com o linho, o crepe, o gabardine ou a seda.

3 – O QUANTO A OCASIÃO, O CLIMA E O HORÁRIO INFLUENCIAM NA ESCOLHA DOS ACABAMENTOS

Para cada modelo há um acabamento mais adequado. Por exemplo, um vestido para o outono e inverno fica muito mais bonito se for feito todo forrado. Já para o verão, o ideal é fazer o acabamento com revel que é sempre a opção mais fina. Uma roupa mais esportiva pode ter acabamento com viés, mas ele precisa ser bem pregado para não torcer ou embabadar.

Um vestido de festa pede um forro de qualidade que confira o volume ou fluidez do modelo. A escolha do forro e o acabamento determinam o resultado final. E um forro precisa ser tão bem cortado e costurado quanto a parte externa da roupa, pois um forro mal colocado, repuxa e deforma a peça. Uma escolha errada pode estragar o modelo.

A bainha de um vestido não pode ser feita de qualquer jeito. Já imaginou um vestido de festa com bainha feita no overloque? Tira toda a elegância. Determinados tecidos como a seda, a musseline ou o crepe de seda, por exemplo, pedem uma bainha estreita, feita a mão, com pontos invisíveis. Dá trabalho? Dá sim, mas o resultado é muito melhor.

Uma calça ou saia social, com corte alfaiataria, pede uma barra invisível feita a mão. Se fizer uma barra a máquina numa peça com tecido e corte de alfaiataria, tira toda a elegância da peça. Entretanto, este tipo de barra combina perfeitamente com peças mais esportivas de denin, brim, sarja ou linho misto.

Um casaco ou blazer para o inverno pede um forro de qualidade que não dê mal cheiro, pois mesmo no inverno, a pessoa que vai usar pode transpirar e não tem nada pior do que um casaco com cheiro de suor! Tafetá, Bemberg e alpaseda são tecidos ideais para esta finalidade. Forro também precisa ter qualidade. Um casaco ou blazer de meia estação pode ser feito com acabamento apenas em revel, mas fica muito mais bem acabado se colocar viés nas bordas das costuras internas. Vai deixar o acabamento muito mais fino.

Um blazer ou paletó de alfaiataria pede uma ombreira, mas esta não deve ser muito grossa e não deve ser de espuma, pois espuma dá mal cheiro ao molhar e se desfaz com o uso.

4 – QUANTO MAIS NOBRE O TECIDO, MAIS REFINADO DEVE SER OS BOTÕES E AS CASAS

A escolha do botão conta muito na finalização da peça. E há uma infinidade de modelos e materiais! Quanto mais nobre o tecido, mais refinado devem ser os botões e as casas. Um botão de plástico comum em um casaco de alfaiataria feito com tecido de qualidade, estraga a peça. Um blazer pede um botão mais trabalhado, de material mais nobre. As casas devem ser bem feitas, não aparecendo linhas ou rebarbas e não podem ficar embabadando ou abrindo além do necessário. Uma casa de botão feita a mão é bem mais bonita que uma feita a máquina, mas precisa ser bem feita, pois ela nada mais é do que um tipo de bordado.

5 – PARA CADA TIPO DE ACABAMENTO UMA ENTRETELA

A entretela, por exemplo, é outro recurso para dar acabamento em decote, golas, viras, cós e corpetes, conferindo estrutura a peça. Um decote com o revel entretelado fica muito mais assentado e alinhado ao corpo e evita deformar. Mas precisa escolher adequadamente a entretela, pois há a gramatura certa para cada tipo de acabamento. Uma entretela mais fininha é ideal para revel e lapelas. Uma entretela mais encorpada é ideal para golas e cós.

6 – Se preferir, use um molde

Sempre que for cortar usando um molde, precisa prestar atenção ao fio do tecido. Se posicionar um molde um pouco fora do fio, já vai comprometer o caimento. Quem já não viu uma calça com pernas torcidas ou um vestido com as costuras fora do lugar? Isto acontece porque a peça não foi cortada seguindo o fio do tecido. De nada adianta um molde bem feito e um tecido de qualidade, se não souber cortar.  Até para se cortar uma roupa no viés tem o alinhamento certo. Uma saia godê sem alinhar o centro com a dobra do tecido na diagonal, vai ficar totalmente deformada. Já viram uma saia godê que fica um lado colado nas pernas e outro solto? É porque não seguiu o alinhamento da diagonal do tecido. Outra observação referente a peças cortadas no viés, é a barra. Isto porque o viés cede e embica desigualmente no comprimento. Tanto faz tecido plano ou malha, se for cortado no viés, precisa pendurar por 7 dias no mínimo antes de cortar a barra. Algumas malhas como, viscolycra, precisam de um mês. E ao pendurar, é necessário usar alfinetes para prender o cós num cabide para que fique igualmente distribuído.

Bônus

Lembre-se, o seu trabalho é a sua vitrine. Qualquer pessoa pode aprender a modelar e costurar, mas fazer uma peça com capricho e bem acabada, é privilégio de poucos. O capricho é o diferencial.

 

E não despreze o cliente “chato”. O cliente exigente e “chato” é o seu melhor cliente, pois se ele gostar da sua peça, vai divulgar o seu trabalho e seu ateliê vai encher de clientes. Se você conseguir agradar o cliente exigente, é porque você realmente é um expert no que faz. É assim que você será conhecida e poderá deixar de cobrar “baratinho” para cobrar o “preço justo”.

Fonte: Clube da Costureira.

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